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Em nota, o presidente executivo e fundador da Buser, Marcelo Abritta, afirma que “é uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”. Apesar dos cortes, a empresa garante o funcionamento de suas operações e visa recuperar o número de contratados para o mesmo patamar. Segundo o portal de notícias, os profissionais demitidos receberão mais um mês de salário, além da extensão de três meses do plano de saúde e do serviço de cuidado da saúde mental da startup. A Buser levantou R$ 700 milhões em uma rodada de investimentos em junho de 2021, se tornando candidata a “unicórnio” — grupo de empresas com avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão (R$ 5,21 bilhões) — neste ano.
Modelo de negócios é questionado pelas autoridades
O modelo de negócios da startup é definido pelos seus desenvolvedores como “fretamento colaborativo”. Neste formato, o passageiro entra em um grupo de viagem para um destino e data selecionados para garantir um lugar no ônibus fretado pela Buser. O valor da passagem vai depender da quantidade de pessoas que estiverem interessadas no mesmo trajeto, visto que o preço final do serviço vai ser dividido por cada um dos usuários. A promessa é de uma economia de até 60% em relação às viagens tradicionais. No entanto, o método confronta o conceito de “circuito fechado”, que define como devem operar as viagens de ônibus entre estados. Segundo o Decreto 2.521/1998, as viagens por fretamento sempre devem ocorrer com o mesmo grupo de pessoas nos trajetos de ida e volta. O modelo é questionado pelas autoridades, que estudam definir o que é “transporte clandestino” e como isso se aplicaria à operação da Buser. Ao longo deste ano, a empresa teve problemas com suas viagens sendo interceptadas por blitz da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER). No entanto, em uma decisão a favor da startup, foi ordenada a retirada deste item da pauta do órgão regulador. A 3ª Vara Federal Cível de Minas Gerais proibiu a ANTT e o DER-MG de impedir ou interromper viagens intermediadas pela Buser sob o argumento de prestação clandestina de serviço público. Em resposta, a Buser sustentou que presta apenas serviços de intermediação e conecta pessoas interessadas em viagens com fretadoras parceiras. Dessa maneira, a Buser não é considerada uma empresa de transportes intermunicipal ou interestadual, pois não transporta passageiros, não oferece passagens e não tem ônibus. Sob o ponto de vista da Justiça, a startup não precisaria de autorização ou concessão do poder público para funcionar.
Buser estaria investindo em uma nova unidade de negócio
Devido às incertezas do mercado regulatório, a Buser estaria investindo na compra e venda de passagens de empresas terceiras e cobrando uma taxa por venda — operação similar a outros marketplaces do segmento. A informação foi divulgada pelo Estadão, que teve acesso a duas fontes, que preferiram não ser identificadas. Segundo a fonte, a nova unidade de negócio visa complementar o modelo principal da startup. “A unidade de fretamento de ônibus queima muito caixa, então crescer com os parceiros nas rodoviárias vai ser o foco da empresa”, afirma.
Crise no mercado de investimentos afeta startups mais “maduras”
O mercado de investimentos está passando por um momento delicado, em que os investidores estão evitando investimentos considerados “de risco”. Dados da plataforma Distrito, apontam que a captação de investimentos por startups brasileiras caiu 45% neste ano. O período está sendo chamado de “inverno das startups” e é mais rigoroso com as empresas mais maduras, que estão em seu “late stage”. Dentre os unicórnios nacionais que realizaram demissões em massa em 2022 estão: 99, Loggi, QuintoAndar, Loft, MadeiraMadeira, Mercado Bitcoin, Olist e Hotmart. Fonte: Estadão